DO QUE SE TRATA O RENASCIMENTO
O Renascimento foi um período histórico que compreende os séculos XIV, XV e XVI, onde os valores assentados nos dogmas da Igreja Católica foram questionados por aqueles que preocupavam em ver o homem como criador e criatura do mundo em que vive.
Eis as seguintes características do período: o humanismo, onde o homem passa a ser o centro das atenções(antropocentrismo); o racionalismo, para compreender a natureza; o individualismo, ou seja, a valorização da capacidade do ser humano fazer suas escolhas, valendo de suas próprias forças, e não do sobrenatural; o naturalismo, que trata da integração do homem com a natureza, descobrindo a íntima ligação com o universo; e por último o realismo, subordinado a princípios e normas, porém nem sempre reproduzem como a realidade é, mas como deveria ser.
O Renascimento também gerou um novo critério para reconhecer a verdade sobre as coisas do mundo. A verdade seria obtida empiricamente, ou seja, através da experimentação e da observação racional. Galileu Galilei desprezava tudo que não pudesse ser comprovado pela experiência.
FORMAÇÃO
Este movimento artístico intelectual teve sua origem na Itália, devido ao menor grau de ruralização em relação a toda a Europa, o desenvolvimento do comércio, e por ser a principal herdeira das culturas clássicas (grega e romana). Cidades como Veneza, Gênova, Florença, Roma e Milão, que concentravam grande contigente de pessoas que haviam enrriquecido com o comércio marítimo, que ostentavam fama e poder. A crescente importância do setor comercial resultou na riqueza de famílias como as dos Medici, os Strozzi, os Fugger e os Sforza.
As grandes navegações influenciaram a valorização das ciências. Pois o mundo se tornou algo a ser calculado: as distâncias, o tempo gasto, a velocidade, as eficiências e os lucros. Por isso, nessa época se desenvolveu a pleno vapor a Matemática, a Física e a Astronomia.
Também, com a centralização do poderes e a formação dos Estados Nacionais, a vida das pessoas passou a depender cada vez mais do que acontecia na capital, a centenas de quilômetros, o que não acontecia na Alta Idade Media, onde praticamente cada feuda era um minimundo completo. O horizonte de homens e mulheres europeus se ampliavam, tanto o espacial (suas vidas eram afetadas pelo que acontecia em lugares cada vez mais distantes), quanto o mental. Com tantas experiências novas, tantas maneiras diversas de viver, é claro que a maneira de compreender as coisas iria mudar.
Contudo, perseguições, discursos autoritários, guerras, caças a bruxas faziam parte do cotidiano daquela época. Porém, as novas idéias, pouco a pouco iam se sobrepondo esse universo marcado elo dogmatismo.
O HUMANISMO
O humanismo é uma corrente filosófica que, como o nome diz, é voltada para o homem(antropocentrismo),e teve forte influencia no Renascimento. Os humanistas se interessavam peos valores do indivíduo de um modo completamente diferente da Idade Media. O filósofo Michel de Montaigne escreveu o livro Ensaios onde usou como tema ele mesmo, dizendo "...estando desprovido de qualquer assunto específico, resolvi tomar a mim mesmo como objeto de estudo".
A filosofia renascentista procurava substituir a visão transcendental (além da realidade terrena) pela imanente. Giordano Bruno dizia que o universo é infinito e Deus é o proprio universo na realidade (chamado de panteísmo) e foi queimado pela Inquisição.
Para os humanistas, a cultura clássica representava o modelo de respeito pelas qualidades superiores do ser humano. Este ideal sobreviveu mos racionalistas, empiristas e nos pensadores iluministas.
TRECENTO, QUATROCENTO E CINQUECENTO
- TRECENTO
Embora carregasse traços medievais fortes, como a forte religiosidade e seus preceitos, já apontavam uma inovação chamada por alguns historiadores como pré-renascimento. Artistas e escritores como Gioto, Dante Alighieri e Boccacio possuiam esta mentalidade. Dai o fato de algum historiadores também considerarem
Na Divina Comédia, Dante Alighieri usou um tema medieval, sob um foco renascentista, pois não colocou em sua obra grandes escritores gregos no inferno, mesmo sendo considerados pagãos, e usou de afetos e desaafetos pessoais nela, como por exemplo o encontro de sua amado nos céus, que morrera cedo.
Em Decameron, Giovani Boccacio valoriza o hendonismo típico do renascimento, isto é, a importância do corpo e dos prazeres. A astúcia individualista e o poder do dinheiro são apresentados como grandes forças.
- QUATROCENTO
Os artistas do período procuraram aperfeiçoar as técnicas artísticas, fazendo uso da perspectiva e da geometria. Ao contrário do trecento, onde predominava o afresco, os artistas preferem as telas de tecido apoiadas no cacvalete.
- CINQUECENTO
O cinquecento contou com artistas como: Leonardo Da Vinci, Michelangelo e Rafael. Cada um deles personificou um aspecto peculiar deste momento. Da Vinci foi o símbolo do homem renascentista, que se interessou pelas múltiplas fascetas do conhecimento; Michelangelo encarnou o poder criador e concebeu váriosa projetos inspirando-se no corpo humano como veículo essencial para a expressão das emoções e sentimentos; e Rafael exemplificou o espírito clássico da harmonia, da beleza e da serenidade.
CONSOLIDAÇÃO E EXPANSÃO PELA EUROPA
A expansão cultural do Renascimento ocorreu no momento em que se consolidavam os Estados Nacionais Modernos, daí alguns monarcas também utilizarem as artes como instrumento de poder, considerados mecenas. Os mecenas eram nobres clérigos e burgueses que protegiam artistas, encomendando trabalhos, patrocinando escolas e financiando projetos.
- PAÍSES BAIXOS
- FRANÇA
O renascimento francês foi prejudicado pelas guerras religiosas que ensaguentaram o país durante o século XVI, logo, houve pouca produção arstítica e filosófica.
- INGLATERRA
O renascimento inglês floresceu durante a dinastia Tudor e foi fundamentalmente literária e filosófica. O personagem de William Shakespeare, Macbeth no seu livro homônimo, com remorço do assassinato que cometeu contra um amigo, ouve de um médico a cura: "para este tipo de mal, o único médico é o próprio paciente".
- ESPANHA
O contato com a Itália, resultado das conquistas do império espanhol em terras italianas, permitiu que o renascimento surgisse na Espanha quase simultâneamente. No entanto, a cultura renascentista sofreu com a forte presença da Igreja Católica nos áureos tempos da Inquisição espanhola. Desta forma, as artes do renascimento espanhol foram essencialmente mais religiosa, fruto também do espírito da Contra-Reforma, e alcançou maior brilhantismo com El Greco, cujas obras se caracterizam por figuras alongadas, de marcante espiritualidade e uma técnica livre
Na literatura, seu maior representante foi Miguel de Cervantes, autor de Dom Quixote de La Macha
- PORTUGAL
- SACRO IMPÉRIO GERMÂNICO
O SEU LEGADO
Pelas façanhas desse individualismo o Renascimento pagou um alto preço: a decadência moral. A Itália do século XVI afigura-se aos historiadores como um país de criminosos inteligentíssimos. A autobiografia do ourives e escultor Benvenuto Cellini, um dos documentos mais característicos da época, descreve a vida de um homem genial e sem nenhum escrúpulo. Burckart, autor de (A cultura do Renascimento Italiano - 1860), humanista pouco cristão sente um calafrio ao falar de Maquieval, e olha com horror fascinado os crimes de César Bórgia.
Fonte:Nova História Crítica,Mário Schmidt,editora nova geração,2007